Nos bastidores, o impasse entre Santos e Paulo Henrique Ganso tem um componente crucial:
O craque não confia mais na palavra dos dirigentes.
Dois episódios recentes contribuíram para o abalo na relação.
Quando clube e jogador começaram a conversar há alguns meses sobre rerformulação no contrato, os dirigentes lhe ofereceram aumento salarial dos atuais R$ 130 mil para R$ 270 mil.
Nas palavras deles, muitas vezes repetidas, este era “o teto” do clube. O “teto”, seria o valor pago a Neymar, que nunca é citado nominalmente nas reuniões.
Ganso e seus representantes recusaram. Sabiam que Neymar, na verdade, já recebia salário de R$ 450 mil. O jogador se sentiu enganado, desvalorizado e depois esquecido, já que o assunto ficou em segundo plano enquanto ele se recuperava de uma cirurgia. Sem poder de barganha, restou a Ganso aguardar pelo retorno.
Na última reunião entre as partes, terça-feira passada, no CT Rei Pelé, dez pessoas estavam à mesa. Quatro do Santos – entre elas o presidente – três familiares de Ganso, duas da empresa que tem 45% dos direitos sobre o craque, e o próprio Paulo Henrique.
Ao fim de duas horas de conversas, por volta de 13 horas, o Presidente Luiz Álvaro fez um pedido a todos:
- Tem um monte de jornalista aí fora esperando. Como não chegamos a um acordo aqui, nós vamos pensar pelo lado do Santos, os senhores pensem pelo lado do jogador e nenhum de nós faça qualquer declaração à imprensa. Vamos apenas dizer que vai ser marcada outra reunião para resolver as coisas.
O pedido foi cumprido por todos os presentes. Menos pelo próprio Luiz Álvaro, que minutos depois deu uma entrevista coletiva contando detalhes das negociações.
Ganso não gostou e, como revelou o repórter Adilson Barros, concluiu que o presidente está querendo jogá-lo contra o torcedor, como se estivesse forçando a saída.
Na verdade, o jogador aceita permanecer e cumprir o contrato até Janeiro de 2015, mas não quer perder a possibilidade provável de uma transferência vantajosa para a Europa. Os representantes de Ganso querem que a multa rescisória para o exterior, hoje em 50 milhões de Euros e considerada irreal, seja reduzida para 30 a 35 milhões. O Santos teria direito a 45% da venda e o próprio jogador, 10%.
O problema é que a multa para o mercado brasileiro já é bem menor, cerca de 16 milhões de Euros. O Santos teme que algum clube ou grupo investidor pague e posteriormente o repasse o craque para um clube Europeu por muito mais (o Corinthians chegou a estudar o negócio, mas não viabilizou). Por isso, o clube tenta reajustar o salário do jogador, para automaticamente fazer disparar a multa “doméstica”.
Nas reuniões, o Santos chega a dar sinais informais de que aceitaria estudar propostas da Europa na faixa dos 30 milhões de Euros, bem abaixo dos 50 em contrato.
A família do jogador já se convenceu e aceita o acordo “de boca”. Mas o próprio Ganso, depois dos fatos recentes, confidenciou a amigos que só aceita o preto no branco. A um deles, disse:
- Como vou confiar que vão me vender se houver a proposta, se não cumprem com a palavra em coisas bem mais simples?
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